11 de abril de 2009

Desambiguação

Queridos leitores, anunciamos que o "Retalhos sem Tempo" cumpriu seu propósito.

Não se trata do sepúlcro deste sítio, mas a simples oficialização da paralização de postagens. A própria não necessidade de escrever aqui, justifica sua existência. E assim será. O Retalhos sem Tempo continuará e nós também. Mas agora não por aqui.

Cada um de nós há tanto já colore outro lugar:

23 do 03 - Aline Chaves

O Quarto Branco - Zorbba Igreja


Se você já nos lia, continue.
Nós não mudamos, só o endereço.

16 de janeiro de 2009

3000!

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Parabéns a todos nós!

Obrigados a todos!

4 de janeiro de 2009

1 de dezembro de 2008

Sinestésico



Publicado também em O Quarto Branco

7 de outubro de 2008

sobre o hífen



Éramos assim

Quase riso ou quase nada.

E quem sabe um dia

Seríamos enfim

Um pôr-do-sol de madrugada.

20 de agosto de 2008

Dia de frio e de abraço

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29 de julho de 2008

Dia de tudo e de erro

...

15 de julho de 2008

2000!

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Obrigados a todos os nossos leitores!


Obrigados!

6 de julho de 2008

Bodin

Sou bodin sim!
Digo com orgulho
e sem estorvo.

Tenho debaixo
do queixo a barba.
E debaixo do caralho
dois quilo de ovo.

27 de junho de 2008

Dia de espera e de panquecas

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18 de junho de 2008

Para os ventos de maio e as borboletas de junho

o amor e a borboleta - Bouguereau - 1888





E quando ele me olha e eu fecho os olhos.
É quando ele me vê e eu vôo em paz.

4 de junho de 2008

Um título por favor...

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Eu toda predicados, cheia de adjetivos, limitei-me a dizer:

- Ei sujeito, tem uma vírgula entre nós dois.

23 de maio de 2008

para passeios em montanha russa

detalhe de Judith decapitando Holofernes - Caravaggio - 1598


Chico me entenderia.
Eu entenderia Caravaggio.
E você, entende isso?

11 de maio de 2008

29 de abril de 2008

Todo o meu amor

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17 de abril de 2008

Capítulo 3

O Som do Fim




Os músicos - Caravaggio
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Das horas desesperadas e de esperar sem fim. Das certezas absolutas e da convicção volátil. De tão instável, previsível sempre. Outros caminhos, os mesmos passos. Ou ao contrário, tanto faz. Do convite feito, aceito pela solidão.

Ajne continua seus afazeres habituais. As mãos ocupadas. A mente em outro lugar. Um suspiro atrás do outro, como um balde atirado ao poço. O alívio. A paz. Impossível concentrar-se em fiar. O fio desigual denotava a ansiedade. Mas dentro dela, a pior companhia era a certeza. Ele não voltaria.

Nunca encontraria a Pedra do início novamente. Baeh perdera os olhos na guerra. Queimaram suas retinas com uma lente de aumento; a última coisa que viu foi a luz do sol. Depois perdeu-se. Era menino quando do ocorrido. Perdeu a vista por ser um excelente batedor. Apontava o invasor a imensos quilômetros de distância. Como se predissesse. Meio conhecedor das horas não chegadas.

Os anos não foram lhe foram gentis. Passou a esconder a dor e a cegueira. De longe, e muitas vezes, de perto também, não havia como distingui-lo de quem enxergava com perfeição. Esperto, Baeh conhecia cada viela de sua cidade, como as marcas de suas mãos ou as linhas do rosto de sua avó. Depois da luz, nenhuma lágrima. A solidão era sua escudeira e o negrume, desde então, seu batedor.

Cercado pelo mundo todo, sempre chamava atenção. Era boa companhia para longas conversas, para noites inteiras. Era músico. Tocava de olhos fechados. Encantava a cidade com seu som. Mas sempre que alguém descobria que não podia ver, Baeh mudava de bairro. Até não sobrar lugar algum em sua terra. Mudou-se então.

Conhecia a estrada, mas nunca ultrapassara os portões da cidade vizinha. Distinguia seus sons. Salivava com o cheiro de pão fresco por trás dos muros. Empurrou devagar uma pesada porta de madeira e ferro. O ranger das dobradiças anunciavam a decepção, como uma canção de lamento. Uma das longas canções de lamento que ele sempre escondera.

O mercado cheio com todas as cores que ele não podia ver. Funcionava a pleno vapor. Vendia-se de tudo. Comprava-se na mesma proporção. Baeh achou de exibir sua música. Fechou os olhos e pôs-se a ser som. Cada nota saída do instrumento tinha a forma de uma lembrança. Baeh via sua música. E apenas isso lhe era permitido. Mas o mercado não tomou conhecimento da delicada arte oferecida. Todos estavam mais preocupados em abastecer suas despensas para o inverno. E em seus corações, a estação seguinte já esfriava a cortesia. Nada de polidez para o visitante que ofertava música. E por diversas vezes sua seqüência era cortada por um esbarrão; alguém com uma cesta enorme e pesada.

Ninguém percebeu que era cego. Nem notou que estivera ali. Baeh começou a duvidar da sua arte. Perdeu a música. Calou-se. Decidiu buscar novos ares mais uma vez.
Caminhou a esmo por estradas que não conhecia. Sentiu cansaço e fome. Saudade de muito tempo atrás. Tateava um rumo, mesmo sabendo ser em vão.

Assim, por trás da sebe furta-cor que ele não via, onde prendeu a mão, encontrou uma pedra. Nela, inscrita em espiral, lia-se: “o início da história...”.


28 de março de 2008

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27 de março de 2008

Capítulo 2


A Estrela


A Estrela – Carta XVII do Tarô – Sugere a boa sorte. A esperança. O amor. É de fé que se constrói um novo lar...

Metamorphosis - Sulamith Wulfing

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Suspirou de dor e cansaço. Sentou numa pedra, a que não havia percebido antes, e chorou.

Não se sabe como aconteceu, nem quando. Talvez o suspiro quebrado. Naquele instante em que se prende o ar. Quando o peito dói, quando dá alívio. É provável que tenha acontecido quando de olhos fechados, a fim de desfazer a visão embaçada que tinha. A Terra sem tempo nasceu da lágrima e do sangue de Ajne tocando o chão. Quando seu queixo pingou onde o filete vermelho descia-lhe a perna. No ponto úmido e rubro. Ao pé da pedra, nasceu, assim, um caule mínimo, com folhas menores ainda. E cada uma trazia consigo as cores do mundo novo. O vento veio e trouxe a primeira nota de aconchego. O silêncio cantava a temperança.

Perdeu-se enfim, e encontrou a paz.

Ajne dormiu embalada pela Caridade. A primeira a chegar ao novo lar. Seu rosto estampava um riso simples, singelo. O riso do recomeço. Ajne já não sangrava. Deixara os dias antigos fora do véu.

Ao abrir os olhos, tantas cores e luzes, que não pôde continuar e fechou-se mais uma vez. Com os olhos cerrados, sentiu o vento dançando com seu vestido. Ria da brisa entre seus dedos, por trás da sua orelha. Ria por não saber onde estava. Ria para não chorar. E se o fizesse, naquele instante, seriam lágrimas doces. Por acreditar-se só e perdida, ria também por desespero. Outro sopro então. E o medo, em rodopio, se desfez. Já não era a mesma. Nada carregava consigo. Tinha, apenas, a certeza absoluta de finalmente estar em casa. Luz nas mãos; cores infinitas nas pontas dos dedos e, amor e música faziam de seu peito carrossel.

E veio a Fé. Lenta e firme. Dedicada e fiel. Juntou-se a Caridade. Agora Ajne tinha a quem dar as mãos. Despiu o vestido sujo. E junto com ele, a angústia. Foram as três ao córrego que surgira. Onde a segunda lágrima caiu. Fé e Caridade banharam Ajne. A água lavava as dores e levava qualquer resquício de materialidade. Já não era envoltório. Livre do casulo que nem sabia ter. Ajne era quem sempre deveria ter sido, A Fada. Elas, as três Graças, trouxeram mais música à correnteza que cantava.


17 de março de 2008

Capítulo 1


A Torre


A Torre – Carta XVI do Tarô – Sugere o fim. A destruição. O desastre. Mas há quem acredite no recomeço...


Titânia dormindo - Arthur Rackham

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Era madrugada. Quase sempre é essa a lembrança. Já faz tanto tempo, que poderia ser noite, ou mesmo, ter o sol alto, de uma tarde quente. Mas em dias de chuva forte, os que não dançam gostam de lembrar como Ajne chegou a Terra sem tempo. Nesses dias, a versão mais ouvida é a da hora da iminência.

Não havia orvalho pesando nas folhas quando o véu se abriu. Não há certeza nem sobre a existência das folhas. A espera. O que ainda não aconteceu. A matéria que dá forma ao porvir.

Deixara a certeza na cama desfeita; a esperança na porta que não teve tempo de fechar; o amor nas cartas não enviadas. Trouxe a agonia no bolso direito; o medo, no esquerdo; a solidão na barra do vestido. O sangue que lhe escorria quente, correria frio em suas veias. Nada mudaria as horas passadas.

Antes. Escolheu com primor a roupa, o perfume – de flor de laranjeira -, as palavras que seriam ditas. Calculou as reações. Ensaiou até a exaustão as caras e bocas que faria. Não precisou de nada disso. Perdeu. Simplesmente.

Ele. Rude. Acreditava-se detentor da razão, do poder e dela. Não era digno do amor oferecido. Tomou de assalto o que queria. O que lhe era importante. Ela sempre que fora uma boneca. Obediente, calada e decorativa. Agora não mais.

Sem trilha alguma, o campo era escuro o suficiente para acreditar que permaneceria perdida. A névoa fazia trança em seus pés, escondendo raízes e deixando seu vestido mais sujo a cada queda. Nenhum cavalheiro. Não se tratava de uma cantiga de roda. Não conseguia mais correr. Não tinha mais passos, nem determinação para isso e, vagava buscando caminho nenhum. Não tinha mais casa. Ou qualquer outro lugar que lhe parecesse um lar. Choraria, se isso mudasse algo. Mas nenhuma lágrima aqueceu seu rosto àquela hora.

Ajne fugia de uma lembrança. A que doía mais que todas as outras juntas. Não havia mais nada que pudesse fazer. Tão vívida que lhe sugara o pulso. Por mais que corresse, a lembrança continuava como um maldito filme, repetindo-se sempre, e cada vez mais nítida, em seus olhos abertos e cansados. Até que por um segundo não viu nada. Parou. O mundo. A dor. O tempo.

E finalmente estava em casa.







11 de março de 2008

1000!



Obrigado a todos os nossos (3 ou 4) leitores!
Esta é uma marca importante para nós.

Obrigado!

10 de março de 2008

Super-ego•Ego•ID


Experimento...

1 de março de 2008

Minha chuva


para Frank Miller

27 de fevereiro de 2008

Era uma vez o final feliz que não houve

Primavera - Botticelli (Flora em detalhe)
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A seda dançando nas cerdas do pincel. Cheiro de tinta nas flores que não conheço.


Fé nos olhos. Esperança no peito aberto.


Eu, só, de achar bonito. O vestido que nunca vou usar.


24 de fevereiro de 2008

Fora d'órbita


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18 de fevereiro de 2008

A dona dos segredos

A caixa de Pandora - Waterhouse
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Eu de todo o amor sem fim. Enfim livre. Tão sua, sem nada que me pese.

Entregue como as boas notícias. Como o corpo a cova. Como quem ainda não nasceu. Em paz.

Eu gosto do seu medo. E do gosto que ele tem.

24 de janeiro de 2008

Saudade da minha terra

de outra terra, em outro tempo...



8 de janeiro de 2008

A Paz

A voz sem rosto já traz luz aos meus olhos. Com impressões digitais então... riso e festa.

Quase um milagre. Sempre sagrado. Imaculado. Puro. Meu amor transborda todas as cores da fé. Eu creio nele. Preciso disso. O tempo não muda o que não tem forma.

Eu tão minha. Não espero mais. Nem procuro. Já sei o caminho. As brumas se desfazem ao meu comando. Voltar pra casa. O cheiro de terra boa. Eu sei. Não tenho mais medo de quando a manhã chegar.

A paz mora em mim. E a tempestade é uma excelente companhia. Não adianta fechar a janela.



A Paz - Gilberto Gil & João Donato

Vocês trazem alegria para esta casa.

30 de dezembro de 2007

25 de dezembro de 2007

Fragmento_20

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19 de dezembro de 2007

Errante

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