13 de dezembro de 2007

À flor da pele

O que será que me dá? Que eu não faço nada. E morro de medo. E enfrento com toda a coragem do mundo. Tudo ao mesmo tempo. De uma só vez. Que me bole por dentro, será que me dá? Que me dá enjôo. Fome. Deixa a boca seca. Que dói. E ainda assim é muito bom. Que brota à flor da pele, será que me dá? Um frio que esquenta as mãos. As mãos geladas. Os nós dos dedos brancos. A falta de um par. E que me sobe às faces e me faz corar. Fingir o sorriso. Baixar o rosto. Tentar esconder a vergonha pelo silêncio. E que me salta aos olhos a me atraiçoar. Não há óculos que esconda a luz. Nem miopia de desfoque a certeza. A verdade. O espelho. E que me aperta o peito e me faz confessar. Estou aqui. Gritando. Por favor, ouça. Todos os dias eu espalho aos quatro ventos meu amor. O que não tem mais jeito de dissimular. Desisti de ser cinza. Quero todas as cores declarando meu sonho livre. Meu amor solto. Meu riso em paz. E que nem é direito ninguém recusar. Me aceite. Me receba. Eu te farei livre. E você será meu Oberon.


O que será (À flor da pele) - Chico Buarque/1976 - Para o filme Dona Flor e seus dois maridos de Bruno Barreto


Vocês Trazem alegria para esta casa.

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